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Participante do “MasterChef” desabafa após ser criticada por usar “a mesma roupa”

Caroline Martins, pesquisadora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e participante do “MasterChef Brasil”, manifestou-se sobre uma série de críticas que tem recebido por um motivo que não tem a ver com gastronomia. Ela tem sido alvo de comentários na web devido às roupas que utiliza durante o programa, exibido às terças-feiras pela TV Bandeirantes.

Por meio das redes sociais, Caroline Martins relatou que tem visto diversos comentários de internautas que dizem que ela só utiliza as mesmas roupas durante as gravações do “MasterChef Brasil”. A participante do reality show, geralmente, está de vestido e botas.

Na publicação, Caroline diz que há uma “ideologia” por trás da repetição de trajes durante o programa. “A TV sempre teve grande influência na minha formação sociológica. Cresci acreditando que a sociedade só me aceitaria se eu estivesse dentro do “peso ideal”, se eu estivesse com os cabelos lindos e sedosos, e também acreditava que só seria aceita se estivesse bem vestida e bem calçada”, diz.

Ela afirma que o início de sua vida adulta também foi regido por essa visão, até que foi aprovada para fazer um pós-doutorado em Austin, nos Estados Unidos. Sofrendo com a ansiedade e temendo não ser aceita pelas pessoas no novo país, tomou uma decisão drástica. “Eu me mudaria para Austin levando uma mala com apenas 6 trocas de roupa e 2 pares de calçados. Eu passaria seis meses com ‘apenas’ estas coisas. A minha mãe achou que eu estivesse ficando louca. E eu realmente estava. Louca e cansada de carregar tanta bagagem, tantas opções de vestimenta, e mesmo assim tanta insegurança sobre a opinião das pessoas ao meu respeito”, afirma.

Foi quando Caroline percebeu que não precisava se preocupar excessivamente com sua aparência. “Pela primeira vez experimentei a sensação de liberdade. Liberdade pois sei que carregava comigo somente o necessário, nada de excessos. Liberdade pois talvez eu não seja delimitada apenas pela minha aparência. Liberdade pois agora, finalmente, tinha dinheiro e limite no cartão para fazer tudo que realmente gosto”, diz.

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Veja, abaixo, o texto de Caroline na íntegra:

“Jovens, estou recebendo várias menções no Twitter sobre sempre usar as mesmas roupas, e acho legal compartilhar com vocês a ideologia por trás disso, pois este estilo de vida vai muito mais além das minhas vestimentas.

Com uma infância/adolescência um tanto quanto clichê, a TV sempre teve grande influência na minha formação sociológica. Cresci acreditando que a sociedade só me aceitaria se eu estivesse dentro do “peso ideal”, se eu estivesse com os cabelos lindos e sedosos, e também acreditava que só seria aceita se estivesse bem vestida e bem calçada.

Assim foi ditado, também, os meus 20 anos. Chapinha nos cabelos toda manhã para ir a faculdade. Maquiagem para esconder as olheiras. Unhas pintadas e cutículas aparadas. Dieta 24 horas por dia. E as roupas? Sapatos? Mesmo vivendo com pouco durante a faculdade, sempre achava uma forma de comprar roupas novas a cada visita ao shopping. Cartão Marisa: check! Cartão C&A: check! Cartão Renner: check! Inúmeros carnês de lojas populares, típicas de centrão de cidade do interior.

Durante o mestrado, ganhando um pouquinho a mais, dá-lhe quimica nos cabelos para alisa-los, dá-lhe dietas, dá-lhe liquidação de lojas populares. Afinal, pra quê apenas 1 casaco se podemos comprar 7 casacos, e dividir tudo em 10 parcelas, para aproveitar aquele frio entorpecente do inverno em Rio Claro (mínima 30 graus)?!

No doutorado mudei para uma cidade maior, amigos diferentes, ambiente diferente, pagamento maior, e como acreditava que o meu valor era ditado pela minha aparência: dá-lhe mega hair nos cabelos, dá-lhe mais dietas, dá-lhe Carmem Steffens, dá-lhe Mr. Office, dá-lhe Zara. Cartão de crédito sempre estourado. Sempre sem dinheiro. Viagem com os amigos? Não posso. Dinheiro para um bom vinho? Não tenho. Tickets para assistir show das minha bandas favoritas? Não posso comprar. Dinheiro para comer em um bom restaurante? Não tenho.

O que eu tinha? Muitas roupas, muitos calçados, cintura 36, cabelos longos e sedosos, maquiagem top pra rebocar meu rosto e, claro, não pode faltar, creme anti rugas. Pois onde já se viu a mulher com quase 30 anos não usando creme anti idade?!

Aos 27 anos me preparava para iniciar um pós doutorado nos Estados Unidos. Tinha tudo para estar em êxtase. Porém, a idéia de inciar uma nova fase em outro país estava me causando mais ansiedade do que felicidade. E se não gostarem de mim? Será que estou muito gorda? Será que a minha pele está manchada? Será que meu mega hair está hidratado? Como vou levar tantas roupa/sapato se o limite de peso da mala é 32 kilos? Será que as minhas roupas e calçados estão ultrapassados? Brega? Fora de moda?

Até que me dei conta: por que diabos estas perguntas estão brotando na minha cabeça neste momento? Por que estou tão focada na minha aparência, ao invés de estar focada nesta oportunidade estupenda de se viver em outro país, conhecer outra cultura, visitar novos lugares e trabalhar ao lado de feras da minha área?

Neste vortex de ansiedade e conflito, resolvi fazer o seguinte experimento: eu me mudaria para Austin levando uma mala com apenas 6 trocas de roupa e 2 pares de calçados. Eu passaria seis meses com “apenas” estas coisas. A minha mãe achou que eu estivesse ficando louca. E eu realmente estava. Louca e cansada de carregar tanta bagagem, tantas opções de vestimenta, e mesmo assim tanta insegurança sobre a opnião das pessoas ao meu respeito.

Nas primeiras semanas de trabalho eu ficava com medo das pessoas notarem que eu sempre usava as mesmas roupas. Na portaria do meu dormitório tinha medo até mesmo do porteiro notar. Sabe o que aconteceu? Ninguém notou. Em seis meses ninguém reparou as repetições das minha roupas ou dos sapatos. Ou se notaram, não verbalizaram.

Depois de 6 meses percebi que todas as minha neuras não mais faziam sentido. Percebi que as pessoas que gostaria que ficassem ao meu lado, não se baseariam apenas no que visto e no que calço. Se baseariam em suas afinidades para comigo.

Pela primeira vez experimentei a sensação de liberdade. Liberdade pois sei que carregava comigo somente o necessario, nada de excessos. Liberdade pois talvez eu não seja delimitada apenas pela minha aparência. Liberdade pois agora, finalmente, tinha dinheiro e limite no cartão para fazer tudo que realmente gosto.

Após estes seis meses, fui me libertando de coisas que achava essenciais: não preciso hidratar os cabelos 1 vez por mês; Não preciso remover cutículas toda semana; Não preciso usar salto alto no meu trabalho. Não preciso nem ao menos rebocar meu rosto para ir trabalhar. E por ai vai…

Quando voltei ao Brasil mantive a mesma ideologia: 6 trocas de roupa, 2 pares de calçado, apenas o básico. Somente o que me faz feliz. Este estilo de vida minimalista esta me trazendo muita alegria. Poderia dizer que esta me trazendo até mesmo paz. Hoje em dia posso utilizar meu dinheiro de forma mais proveitosa. Churrasco para amigos e familiares. Viagens com meu marido. Deliciosas garrafas de Cote du Rhone. Tudo que sempre quis fazer, porém estava muito ocupada gastando o meu dinheiro no shopping procurando pelo “look perfeito”.

Me desprender do consumismo excessivo foi uma das minhas melhores decisões. Então, coleguinhas que me perguntam, a resposta é: Sim! Só tenho estas roupas! E, Sim! Só tenho duas botinhas! Com muito orgulho!”

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